sexta-feira, 21 de setembro de 2007

POEMAS DE GILSON CAVALCANTE
V I S G O
Na clarividência
das mangabas
o visgo do vôo
no vão da fala
des/aba abismos.
O pássaro mitológico
leva no bico o passado
na ordem dos invertebrados
e o fígado de Prometeu.
Tudo que cai é meu
grito de batismo.
no cesto
do ceticismo.
Faço das cordas
o cadafalso do lirismo.
Lembranças:
aviões e navios de papel
carretéis de linha
lápis de cor sem pontas
e uma borracha
de apagar os borrões
da alma dos jornais.
- Toda herança.
Nósdosossos
Nossosnós amarrados
no arquivo-morto dos porões.
Nossosossos empilhados
porosos mal arados
no solo da solidão.
Desatados somos
o contrário dos iguais.
Fosforescência
no fósforo dos fósseis
fôssemos a luz antecipada
no diálogo dos abismos.
O avesso de dentro
desfia a luz em ponto de cruz.
Agulhas no feixe de músculos
para a desordem dos ossos
na fogueira dos acúmulos.
De dentro pra fora
Vestir os avessos
o que a vida arremessa
de dentro pra fora
sem metáforas.
Quero o sorriso
escancarado
com os caninos à mostra
feito uma esfera rolando
na oclusão da ostra.
Êta poema difícil de sair.
Ele está pronto, ruminado
mas resiste pular pras ruas.
Parece um castigo
remendar os rascunhos
dos gestos definitivos.

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