domingo, 12 de agosto de 2007

A morte do ex-prefeito Jarbas Macedo

Sentado na porta de minha casa em Porangatu, em 1988, vagava em meus pensamentos, quando ouço uma buzina, olho, e não reconheço o condutor que dirigia um Gol. Dentro do veículo um jovem se dirige a mim: "Jarbas pediu para levar o sr. até o Crisa". Perguntei: "Você sabe do que se trata?". Ele disse: "Ele quer que o sr. vá coordenar o comitê de campanha dele para prefeito". Cheguei ao local e lá estava Jarbas sentado em seu escritório no Consórcio Rodoviário Intermunicipal. Ele levantou-se e foi logo dizendo: "Eduardo, quero você em minha equipe de campanha. Vou ser prefeito de Porangatu". Partimos do nada, não tinha verba, não tinha aparato de som e o engajamento até aquele momento era tímido e indeciso. Começamos a campanha com um pé na planície e outro no planalto, mas a coragem e determinação do Jarbas era fantástica. A nós se juntaram companheiros maravilhosos, grandes estrategistas, como João Gonçalves, Carlos Rosemberg, Eduardo Reis, Luiz Sérgio, Apuram Pereira, Bernardino da Rocha Santiago, Stelanis, Felipe Jorge, Eddie Pacheco, Ivan Vieira, Ovídio Gomides, Doge, Dirce, Leonina, Moacir Ribeiro, Meirinha, Edeltes Gomide, Raul Belém, o PMDB Jovem e o PMDB Mulher. Foram 146 comícios, dezenas de carreatas com a presença do governador e estadista Henrique Santillo. A batalha era difícil, os adversários tinhosos e com o apoio da classe ruralista, detentora do poder econômico. Quatro meses, "25 horas" por dia, uma luta inglória. Muitas adversidades, mas nunca vi um só dia Jarbas ceder ou baquear. Nesta época conheci um homem destemido, que sempre acreditou em sua vitória. E ela aconteceu com muita luta e dedicação. Quinze de novembro de 1988 foi o dia da vitória do filho da terra contra o poder econômico. Jarbinhas tinha um desafio, provar para as elites que um filho do lugar poderia governar sua cidade natal com capacidade e sabedoria. Encontrou uma pedreira pela frente. Seus algozes, adversários, não conformados com sua vitória tentaram até o último dia de seu governo conturbar o seu governo. Destemido, forte, obstinado, amigo do povo, companheiro inseparável de sua gente, não cedeu, não sucumbiu a arquitetura diabólica de seus opositores. Mas o destino é traiçoeiro, e neste dia 4 de agosto, a fatalidade, que também não teve a ousadia de enfrentá-lo a luz do sol, usou a calada da madrugada para golpeá-lo mortalmente no ponto mais sublime de seu corpo, seu imenso e belo coração. Meu Deus, os bons ficam pouco tempo no plano terrestre. Parece que Deus Pai tem necessidade de recompor seus quadros com seres de coração voltados para o bem. Que a garra, a coragem inabalável e a fidelidade do Jarbas possam estar a serviço de Deus, na construção de um mundo melhor. Descanse em paz, querido Jarbas Macedo Cunha. EDUARDO RODRIGUES